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segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Possível Nova em Áries

    De acordo com um relatório de acompanhamento de objeto transitório enviado ao Escritório Central de Telegramas Astronômicos (sigla CBAT em inglês) uma possível Nova foi observada na constelação do Áries.

    Yuji Nakamura observou o transiente em duas imagens de 30s de exposição registradas no dia 28/11. O equipamento utilizado por ele foi uma câmera CMOS acoplada em um refrator de 10cm F3.0. A magnitude limite desse setup é de 16.0. De acordo com Isao Endoh, nada é visível em imagens registradas do mesmo local no dia 23/ com o mesmo equipamento.

    Yoshimoto Yamaguchi registrou uma imagem do objeto no dia 28/11, de acordo com a fotometria realizada, a magnitude do objeto é de 11.9 V. Observável por telescópios de 200mm.

http://orange.zero.jp/k-yoshimoto/PNV-J03022732+1917552_20211128.jpg

    Robert Fridrich, de Budakeszi, Hungria, também registrou o objeto na madrugada de 29/11 e também estimou a magnitude em 11.9 V:
https://twitter.com/fidusz/status/1465190900812947456

    Até o momento, a AAVSO não emitiu nenhum alerta referente à Nova, como também, ainda não há carta de busca com estrelas de comparação. Mesmo assim, incentivamos a observação e registros do objeto. Estrelas de comparação podem ser obtidas através do Stellarium. O artigo será atualizado á medida que novas informações, como também uma carta de busca forem disponibilizadas. EDIT: há uma carta feita de forma independente por Jeremy Shears e pode ser obtida através do link a seguir: https://app.aavso.org/vsp/chart/?star=MASTER+OT+J030227.28%2B191754.5&scale=E&orientation=visual&type=chart&fov=40.0&maglimit=18.0&resolution=150&north=up&east=left&dss=True&P=on&Z=on.

    A possível Nova se encontra nas coordenadas RA: 03h 02m 27,32s e DEC: +19° 17' 55,2", para facilitar, gráficos com a localização está anexado abaixo:



    Os gráficos acima foram feitos no Stellarium, utilizando as coordenadas informadas.

Observações de todos os tipos são solicitadas. 

EDITADO às 14:56 de 29/11/2021: o transiente foi confirmado como Nova: https://www.astronomerstelegram.org/?read=15069
    De acordo com o certificado de classificação, é uma Nova Galáctica semelhante a V2860 Ori: " Confirmando a origem galáctica para AT2021afpi. Ele também exibe linhas de emissão HeI e HeII. O espectro se assemelha ao de V2860 Ori, uma nova clássica da subclasse He/N (De Etal. 2021). Dado isso, e o rápido aumento de 10 magnitudes, AT2021afpi é provavelmente uma Nova He."

Referências:
http://www.cbat.eps.harvard.edu/unconf/followups/J03022732+1917552.html
https://britastro.org/node/26372
https://www.wis-tns.org/object/2021afpi/classification-cert



terça-feira, 23 de novembro de 2021

Supernova na galáxia NGC 1566

    Ao contrário do que se imagina, Supernovas são eventos relativamente constantes no Universo. A título de curiosidade, nos últimos 12 meses foram descobertas 2807 Supernovas de acordo com o Transient Name Server, divisão da União Astronômica Internacional responsável por catalogar e hospedar os dados referentes a Transientes Astronômicos. 

    Na Via-Láctea, a última Supernova observada foi em 1604, conhecida como "Supernova de Kepler". A última visível a olho nu ocorreu em 1987 na Grande Nuvem de Magalhães, chamada de SN 1987a.

    A Supernova mais brilhante atualmente é a SN 2021aefx, descoberta no dia 11/11/2021 por uma equipe do observatório MASTER. O relatório da descoberta se encontra no endereço a seguir: https://www.wis-tns.org/object/2021aefx/discovery-cert

Registro da SN 2021aefx gentilmente cedido por Grzegorz Duszanowicz


    Luiz de Araújo, membro ativo da Comissão de Estrelas Variáveis também realizou um registro fotográfico do evento:

Imagem da SN 2021aefx gentilmente cedida por Luiz Araújo - Pelotas/RS

    No dia seguinte à descoberta ela foi classificada como ua Supernova do tipo I, sendo posteriormente reclassificada como SN Ia (https://ui.adsabs.harvard.edu/abs/2021TNSCR3914....1G/abstract). Esses eventos são uma violenta explosão em uma Anã-Branca que absorveu matéria lançada no espaço por uma companheira maior, ao ultrapassar o limite de 1.4 massas solares, uma reação em cadeia reativa a fusão nuclear na estrela, o que libera uma enorme quantidade de energia, tendo como consequência o aumento de brilho que pode chegar em 20 magnitudes, mais de 90 milhões de vezes mais brilhante. Supernovas são tão brilhantes que chegam a ser mais brilhante que toda a sua galáxia hospedeira, como visto na imagem acima.

Espectro da Supernova. Em amarelo no dia 11/11, em vermelho no dia 13/11 e em azul no sia 14/11.

    Observações recentes mostram que a Supernova se encontra mais apagada que magnitude 12,5, o que requer equipamentos de maior abertura para sua observação visual. Abertura essa superior a 200mm dependendo do local onde o observador se encontra.

    Incentivamos sua observação e registros fotográficos, para isso, uma carta de busca está anexada abaixo:

Carta de busca da SN 2021aefx - Cortesia AAVSO

    Como também, um gráfico mostrando a posição da galáxia hospedeira:
Posição e dados referentes à galáxia NGC 1566 - Stellarium

   Nos envie sua observação ou registro fotográfico através do e-mail: estrelasvariaveis.uba@gmail.com



quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Cientistas cidadãos descobrem 10.000 estrelas variáveis

    A plataforma de ciência cidadã "ZOONIVERSE" já é bastante conhecida entre os entusiastas de diversas áreas do conhecimento. Entre esses projetos estão alguns voltados à Física e Astronomia que, ao longo dos anos, apresentaram resultados impressionantes, como descobertas de Supernova, mapeamento da superfície marciana, classificação morfológica de galáxias e muito mais.

    Um desses projetos acabou de publicar seus resultados, se trata do "Citizen Assa-sn".

    Aqui você encontra o artigo original: https://arxiv.org/abs/2111.02415. E aqui a lista dos voluntários que contribuiram: https://asas-sn.osu.edu/citizen_asassn/dr1_contributers?fbclid=IwAR2AxRcu2UND79GpCKJlril8IkVNoukN1SyJnK8vvBrgp8ECqh-SLm1BzNs

    Esse projeto tem como objetivo principal permitir que qualquer pessoa possa analisar curvas de luz de estrelas variáveis previamente identificadas e posteriormente identificar novas variáveis inserindo esses dados junto aos que já estavam disponíveis.

    O trabalho dos mais de 3000 voluntários serviu como base também para melhorar o algortimo utilizado pela equipe do Assa-sn, essa melhora está se tornando possível para excluir os dados inúteis e deixar somente os que poderão ser de fato estrelas variáveis.

    De acordo com um dos autores do artigo, Tharindu Jayasinghe: "O olho humano pode detectar coisas incomuns e apontá0las muito melhor do que a máquina é capaz de fazer, e quando eles relatam isso para a equipe de pesquisa, nos permite fazer essas descobertas realmente excelentes. Os humanos podem fazer coisas impressionantes se você lhes der a chance".

    Nós da comissão de estrelas variáveis já fizemos uma publicação sobre o projeto. Para saber mais sobre, acesse o link: https://uba-estrelasvariaveis.blogspot.com/2021/01/proeto-de-analise-de-curvas-de-luz-de.html

   Para contribuir com a análise das curvas de luz: https://www.zooniverse.org/projects/tharinduj/citizen-asas-sn

    Incentivamos a todos os interessados a realizarem pesquisas referentes a esses objetos que há séculos encantam os amantes do céu. Seja você também um voluntário.


sexta-feira, 12 de novembro de 2021

 Seria Algol um sistema quíntuplo?

Algol (β Per ou ainda HD 19356) é um dos sistemas estelares mais observados e estudados na história da astronomia. Essa estrela está localizada na constelação de Perseu, personagem da mitologia grega, cujo o qual matou a Górgona e lhe arrancou a cabeça. A figura da constelação é basicamente um homem segurando a cabeça de um monstro e por capricho dos gregos, o olho do monstro é Algol.


As primeiras observações datam das civilizações antigas quando o povo daquela época viam seu brilho cair e aumentar em poucos dias, o que muitos povos atribuíram à essa característica um teor de maldição e de azar, dando a ela um popular nome de “olho do demônio”, do qual podemos imaginar um olho abrindo e fechando com a variação do brilho da estrela (imagine você, um cidadão da Grécia Antiga, onde reinava o politeísmo e histórias fantásticas, observar uma estrela que aumenta e diminui o brilho em poucos dias, dar uma ligeira impressão de um olho abrindo e fechando).  

Falando mais astrofísicamente, Algol é um sistema estelar triplo onde um binário eclipsante interno é orbitado por uma estrela externa mais distante. O sistema eclipsante interno de período orbital de 2,87 dias é um binário semi-destacado em órbita quase circular, com transferência de massa ocorrendo da sub gigante secundária (Algol B) para a primária (Algol B). A estrela principal é uma estrela da sequência principal do tipo B8V já a secundária, é uma sub gigante do tipo K2IV. O terceiro objeto, Algol C, foi descoberto pela primeira vez por medição de velocidade radial. Ele orbita o sistema interno em um período de cerca de 680 dias sem eclipsar. É uma estrela Am com linhas de metal e hidrogênio apresentando características F1V.

Simulação mostra a curva de luz durante os eclipses primário e secundário de um sistema semelhante ao de Algol. 
Fonte: http://faculty.kutztown.edu/preed/research.html


Mas como se não bastasse tantas características curiosas deste sistema estelar, o astrofísico Lauri Jetsu, da Universidade de Helsinque, vem estudando essas estrelas durante a última década e recentemente apresentou um estudo que indica a possibilidade de o sistema Algol ser um sistema quíntuplo e não um sistema triplo. Sim! 5 estrelas orbitando um centro de massa em comum. Isso já era algo que mexia com a cabeça de alguns astrônomos, pois esse sistema apresenta pequenas flutuações na curva de luz.

Para o astrofísico, as estrelas que ainda não foram identificadas são muito fracas de luminosidade para serem observadas, desta forma ele aplicou um novo modelo matemático em todas as observações já feitas do sistema Algol e isso mostrou que essas pequenas variações seriam bem regulares e periódicas, se tornando então as fortes evidências que podem comprovar a presença de mais de três estrelas no sistema.

O mesmo estudo sugere que as mudanças que ocorrem na duração dos eclipses de Algol registrados desde os tempos antigos até hoje (quase meia hora a menos do que há 3.200 anos) podem ser usadas para determinar a velocidade com que a estrela Algol B está sendo devorada pela gravidade de Algol A, como afirmam algumas teorias astrofísicas.  

Leia mais em: https://iopscience.iop.org/article/10.3847/1538-4357/ac1351/meta

Por Eurimar Araújo


quarta-feira, 3 de novembro de 2021

Nota de pesar


     A comissão de estrelas variáveis vem através desta publicação informar o falecimento do astrofísico Carlos Alberto Pinto Coelho de Oliveira Torres, em Itajubá, MG.

    Carlos se graduou em Física  pela UFMG em 1969, em 1970 obteve o grau de Bacharel também em Física pela mesma instituição. Em 1972 obteve o título de Mestre pelo ITA. Trabalhou por muitos anos no Laboratório Nacional de Astrofísica, sendo diretor de 1984 a 1994.

    Seu trabalho com estrelas jovens é reconhecido internacionalmente. Seu maior interesse eram as T Taurii, estrelas jovens com massa menor que 2 massas solares.

    Publicou inúmeros artigos de relevância relacionados a essas estrelas e era uma das pessoas mais competentes dessa área.

    Desejamos força à sua família e amigos nesse momento tão difícil.

    Descanse em paz, Carlos. Que seu trabalho seja lembrado por todos.