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sexta-feira, 17 de julho de 2020

Nova Sagittarii 2020 n° 3


Nova Sagittarii 2020 n° 3

Cerca de 24 horas após o anúncio da brilhante Nova na constelação de Reticulum, no hemisfério austral, fomos surpreendidos com o anuncio de uma outra Nova, dessa vez na constelação de Sagittarius, fato raro de acontecer em intervalo de tempo tão curto!

Designada inicialmente com o nome de PNV J17580848-3005376, a Nova Sagittarii 2020 n° 3 foi descoberta  em 16.51 de julho de 2020 por Shigehisa Fujikawa, de Kagawa (Japão), com magnitude 9.9, usando equipamento fotográfico especialmente configurado para essa finalidade. Busca de Novas e Cometas.


Shigehisa Fujikawa ao lado de seu equipamento.

Após o comunicado pela AAVSO, observadores brasileiros se mobilizaram para tentar observar essa Nova na noite imediatamente consecutiva ao anúncio da descoberta. É preciso salientar que em muitas regiões do país o céu encontrava-se encoberto, impedindo sua observação imediata.

Observações visuais e em outras bandas de detecção, incluindo imagens, são importantes nessa fase ainda de progressão de brilho das Novas, a fim de que seu comportamento seja melhor compreendido.

Luiz Araújo, desde a cidade de Pelotas, no Rio Grande do Sul, foi o primeiro brasileiro a registrar e reportar uma imagem . Ele utilizou uma câmera  Canon 6Ti, com acompanhamento motorizado, munida de uma lente de 250mm de distância focal,  para obter em uma exposição de 30s a imagem da Nova. (fig abaixo). A imagem foi em 16.97 de julho de 2020 e  sua magnitude visual  foi estimada em 10.4 V.

Imagem obtida por Luiz Araújo, do Rio Grande do Sul

Nessa mesma noite, o observador Antonio Padilla, do Rio de Janeiro, conseguiu observá-la visualmente com um Maksutov 127mm, tendo sido avaliada sua magnitude em 10.6. Essa observação foi feita a partir da janela do apartamento onde reside, no 14ª. andar de um prédio residencial na zona sul do Rio de Janeiro.

A observação de estrelas variáveis, inclusive as Novas, é perfeitamente possível de ser realizada a partir de centros urbanos, o que não deve constituir empecilho àqueles que almejam começar a observar!

No momento dos registros não havia ainda cartas de busca com as devidas estrelas de comparação. Recorreu-se então ao Stellarium para que fossem selecionadas estrelas próximas ao campo visual, que servissem de comparação de brilho. Essa seleção de estrelas deve levar em conta o tipo espectral de cada uma, que não tenham índice de cor muito distantes da Nova.

A constelação de Sagittarius está bem posicionada no céu logo no início da noite, estando essa Nova muito próxima a uma estrela de magnitude 7.6, posicionada cerca de 2° a oeste de Alnasl.

Ao contrário da Nova Reticuli, que pode ter chegado à magnitude visual de 3.7 antes de ser percebida, essa Nova não é muito brilhante, sendo necessário um instrumento de porte médio para seu acompanhamento nas noites que se seguirão.

Progressão de brilho e novas observações

Nos dias que se seguiram ao descobrimento dessa Nova, outras observações foram reportadas à AAVSO. Na madrugada de 19 de julho, quatro dias após sua descoberta, a Nova já estava com magnitude visual de 11.6.

Na curva de luz abaixo, algumas medidas feitas na banda V de imageamento digital ( em verde) apontam para uma concordância de dados com as estimativas visuais.








quinta-feira, 16 de julho de 2020

Recente Nova na constelação do Reticulum

Em um tópico postado no fórum de discussão da AAVSO por Patrick Schmeer ontem às 18:55 (Horário de Brasília) foi informado à comunidade astronômica uma recente observação de uma explosão de Nova na constelação do Reticulum, realizada pelo observador australiano Robert H. McNaught na mesma data (15/07), em Coonabarabran, Austrália.

O nosso colaborador Antônio Padilla do Rio de Janeiro nos enviou o tópico e então iniciamos os preparativos para a realização da observação.
Em uma rápida visita ao site da AAVSO percebemos que somente uma observação havia sido reportada, também por um Australiano.

O único fator que poderia atrapalhar a observação era o horário em que a estrela ficaria visível para uma confortável observação, de madrugada. Porém um fator foi decisivo para que um esforço fosse feito para observar, seria a primeira madrugada em que a estrela ficaria visível, e nós os próximos a observar.


Localização da Nova
Localização da Nova com medida de distância angular a partir da estrela Gamma do Dorado
Algumas observações visuais foram realizadas por observadores brasileiros.
Imagem gentilmente cedida por Luiz Reck

Imagem gentilmente cedida por Rodrigo Raffa com as marcações em verde sendo as constelações e a Nova marcada com o círculo branco.



Paulo Sérgio Reis Fernandes de Alto Paraíso de Goiás - GO, observou a estrela às 04:12 com magnitude 4.8, usando estrelas de comparação de magnitudes 4.6 e 5.0.

Marcos Silva, de Luminárias - MG, observou a estrela às 04:20 em magnitude 4.7, usando estrelas de comparação de magnitude 4.4 e 5.0. Havia um pouco de névoa, o que atrapalhou de início, mas a névoa logo se foi e a observação foi refinada.

Renato Veras Pereira, de Santa Maria - DF, às 04:25 estimou a estrela em magnitude 5.2 usando estrelas de comparação de magnitudes 4.4 e 5.4. Apesar da poluição luminosa atrapalhar, a observação foi reportada.

José de Souza Aguiar de Campinas foi outro brasileiro que conseguiu observar a estrela, sua estimativa de brilho é de magnitude 5.0, com estrelas de comparação de magnitudes 4.4 e 5.5.

Também na madrugada de hoje, o colaborador Luiz Reck nos enviou uma observação feita entre 2:15 e 2:30 hora local, da cidade de Pelotas/RS, onde foram tiradas em torno de 10 fotos e feita estimativa visual de magnitude, sendo estimada em 4,8 com estrelas de comparação 4,4 e 5,0. 

Rodrigo Felipe Raffa de Itapeteninga - SP também enviou uma imagem feita por ele, às 05:30.

O que é uma Nova?


Nova é uma categoria de explosão estelar onde a luminosidade da estrela aumenta temporariamente de vários milhares para até 100.000 vezes seu brilho normal. 

A luminosidade máxima de uma Nova é atingida dentro de poucas horas após a explosão e pode manter um brilho intenso por vários dias ou semanas, e o brilho vai diminuindo lentamente até voltar ao normal.

Normalmente as estrelas que se tornam novas são muito fracas antes da explosão e se destacam no céu após a explosão, dessa maneira muitas novas são avistadas por astrônomos amadores. As Novas ocorrem em sistemas binários de estrelas, normalmente uma gigante vermelha e uma anã-branca.

Em resumo, uma nova é uma explosão nuclear em uma estrela, causada pelo acumulo de massa de hidrogênio à superfície de uma anã branca provindo de uma companheira gigante vermelha, levando à ignição e iniciando a fusão nuclear (até então cessada). As novas não devem ser confundidas com as supernovas ou as novas luminosas vermelhas que são explosões que causam a morte da estrela.





Nós da Comissão de Estrelas Variáveis da União Brasileira de Astronomia incentivamos todos os interessados em observações astronômicas a realizar a observação desse fenômeno raramente visto a olho nu.
Estamos dispostos a ajudar em todo sentido. Desde a localização da estrela quanto ao reporte da observação.