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quinta-feira, 30 de junho de 2022

Miras que estão no brilho máximo

Durante o mês de junho algumas Miras atingiram o máximo brilho simultaneamente, uma coincidência que faz os olhos dos observadores de estrelas variáveis brilharem de satisfação.

Essas estrelas são gigantes vermelhas, muito maiores que o Sol em raio, centenas de vezes o raio solar, mais frias e também estrelas de baixa massa. Algumas têm menos massa que o Sol, e as mais massivas que ele raramente ultrapassam 2.5 massas solares. Essa característica, entre outras, nos faz entender qual será o futuro da nossa estrela. Ao vermos uma Mira estamos vendo o futuro do Sol, olhando o Sol, estamos vendo uma Mira no passado.

Tais estrelas, comumente chamadas de Variáveis de Longo Período, são caracterizadas pela grande variação em períodos maiores de tempo. Algumas demoram mais que 1 ano para irem de máximo a máximo, já outras, demoram menos de 150 dias, como R Vir (146 dias) e S Car (148 dias). Para ser uma Mira a estrela deve apresentar uma variação de brilho superior a 2,5 mag em comprimentos de onda visuais e ter período superior a 100 dias.

As variações de brilho visual da estrela estão fortemente correlacionadas com mudanças no tipo espectral e temperatura. O raio é quase anti correlacionado com a temperatura, com o raio mínimo ocorrendo cerca de 30 dias antes da temperatura máxima. As variações na luminosidade bolométrica são causadas principalmente pela variação no raio da estrela, com a luminosidade máxima ocorrendo cerca  de 57 dias antes do raio máximo e menor temperatura. A luminosidade varia mais de um quarto de ciclo atrás do brilho visual, o que significa que a estrela é mais brilhante visualmente no ponto de luminosidade mínima do que no ponto de luminosidade máxima.

Exemplo de variabilidade de uma Mira, no caso, Khi Cyg. The Pulsation of χ Cygni Imaged by Optical Interferometry: A Novel Technique to Derive Distance and Mass of Mira Stars. The Astrophysical Journal. 707. Página 632.

A figura abaixo é uma representação esquemática da mudança na aparência visual de uma estrela variável Mira na luz máxima (painel esquerdo) e mínima (painel direito). A estrela, mostrada em vermelho, é menor e mais quente na luz máxima do que na luz mínima. Na luz máxima, a atmosfera estendida da estrela (mostrada em amarelo) é parcialmente transparente em comprimentos de onda visuais, e pode-se ver quase até a superfície estelar (indicada com setas). Perto da luz mínima, a temperatura da estrela diminuiu e óxidos metálicos, como o TiO (mostrado em verde), se formam em toda a atmosfera estendida. A fração de Ti em TiO, rotulada f(TiO), em função do raio é representada em azul. Perto da luz mínima, o TiO se forma com densidade suficiente em cerca de 2 raios estelares para se tornar opaco à luz visível. Nesse raio, a temperatura pode ser muito baixa e quase toda a radiação está no infravermelho. Como surge pouca luz visível, a estrela pode quase desaparecer ao olho humano.


As Miras que selecionamos estão listadas abaixo, junto com suas curvas de luz, com destaque para Omi Cet (Mira) que está facimente visível a olho nu de madrugada:

R Leo:


S CrB:


R Oph:


R Sgr:


T Sgr:


Omi Cet (Mira):


As curvas de luz acima cobrem os últimos dois anos e foram criadas utilizando as observações enviadas ao banco de dados da AAVSO através do software VStar.

As cartas de busca com estrelas de comparação devem ser criadasutilizando o Variable Star Plotter:

https://app.aavso.org/vsp/

As observações devem ser enviadas ao banco de dados da AAVSO:

https://www.aavso.org/webobs/individual

Nos envie também suas observações preenchendo o formulário:

https://forms.gle/oC5HjgLeDzaHde5u5

Ou por e-mail, informando a estrela observada, magnitude dela e das estrelas de comparação, data e hora da observação (em UT), cidade-UF e nome do observador:

estrelasvariáveis.uba@gmail.com

Referências:

The Pulsation of χ Cygni Imaged by Optical Interferometry: A Novel Technique to Derive Distance and Mass of Mira Stars. The Astrophysical Journal. 707. Página 632.

Introducing Mira Variables. Mattei, Janet Akyuz. The Journal of the American Association of Variable Star Observers, vol. 25, no. 2, p. 57-62.

quarta-feira, 22 de junho de 2022

72 novas variáveis em NGC 2355

Uma equipe de astrônomos chineses liderada por Hong Wang, Observatório Astronômico de Xinjiang, reportou através de artigo publicado no último dia 14 a detecção de 88 estrelas variáveis na região do aglomerado aberto NGC 2355, situado na constelação de Gêmeos. Para a detecção foram feitos mais de 3000 frames CCD no Telescópio Campo Largo de 1 Metro Nashan (Nashan One-meter Wide-field Telescope) durante 13 noites.

Das 88 variáveis detectadas, 16 já haviam sido observadas e reportadas em artigo publicado em 2018 por Cantat-Gaudin et al. (2018) e as 72 restantes são descobertas atuais. Ao analisarem as curvas de luz, as estrelas foram separadas em 26 binárias eclipsantes, 52 pulsantes, 4 rotacionais e 6 tipos desconhecidos ou não corretamente classificados.

Das 26 binárias eclipsantes, 11 são binárias W UMa (tipo EW), 09 Algol (tipo EA) e 06 são Beta Lyrae (tipo EB). Suas curvas de luz estão na tabela abaixo:

Gráficos de fase das 26 binárias eclipsantes.


Em relação às 52 pulsantes, 38 são pulsantes Delta Scuti, 09 RR Lyrae, 03 Gamma Doradus e 02 Cefeidas tipo I.

Sobre as 04 rotacionais, 03 são BY Draconis e 01 ROT. Estrelas ROT são estrelas que apresentam manchas na superfície e que não foram incluidas em nenhuma outra classe, sendo às vezes classificadas como T Tauri, ou estrelas jovens.

As curvas de luz das pulsates e rotacionais estão dispostas nas tabelas abaixo:

Gráficos de fase de 30 pulsantes.

Gráficos de fase das 22 pulsantes restantes e das 04 rotacionais.

Restando as 06 variáveis não classificadas, os autores mencionam no artigo que se tratam de variáveis de longo período sendo 01 possível Semirregular com período de 464,9 dias, com referência ao ASAS-SN. As 05 restantes são referências próprias sem período calculado e observações posteriores serão realizadas com objetivo de classificar tais estrelas. Suas curvas de luz temporárias estão abaixo:

Curvas de luz das 06 estrelas não classificadas. A curva N5 é da Semirregular referenciada ao ASAS-SN.

Os autores informam no artigo que das estrelas mencionadas no artigo, 04 são membros do aglomerado em questão. Essa confirmação é feita com base nas posições espacias e propriedades cinemáticas (distância, movimento próprio, entre outros) serem condizentes com características de membros já conhecidos do aglomerado, entre eles, 11 membros anteriormente informados no artigo de Cantat-Gaudin et al. (2018). 

Na imagem acima estão dispostas as pripriedades das estrelas mencionadas no artigo. Sendo elas:

a) Distribuição espacial para os membros do aglomerado e as 88 estrelas variáveis;

b) Distribuição de movimento próprio adequada para as estrelas;

c) Histograma de paralaxe ( ω ) para membros do cluster (linha preta) e estrelas variáveis localizadas na área de 3 σ ω limite (linhas cinzas tracejadas). O histograma da paralaxe dos membros é ajustado com um único perfil gaussiano (linha vermelha tracejada);

d)Distribuição espacial para os membros do aglomerado e estrelas variáveis circuladas em (c) com suas velocidades tangenciais. As setas indicam a direção das velocidades tangenciais para cada estrela e o comprimento da seta é proporcional à velocidade tangencial. 
Nos painéis superiores, os pontos cinza claros significam as amostras completas de observação e os pontos pretos representam 328 membros do cluster. Círculos vermelho, azul, verde e laranja representam binários eclipsantes, pulsadores, variáveis rotativas e variáveis pouco claras, respectivamente. Pontual e vazio referem-se a se são membros correspondentes de NGC 2355.

Imagem do aglomerado aberto NGC 2355. Fonte: Aladin software.

Referência:

Hong Wang et al, Searching for Variable Stars in the Open Cluster NGC 2355 and Its Surrounding Region. arXiv:2206.06569v1 [astro-ph.SR], arxiv.org/abs/2206.06569


terça-feira, 7 de junho de 2022

Outburst em U Sco confirmado

Após alerta emitido ontem referente ao possível outburst em U Sco (https://www.aavso.org/u-sco-june-2022-01), observações foram feitas por diversos colaboradores e a confirmação aconteceu nas primeiras horas da noite.

De acordo com as últimas observações, a Nova se mantém próxima da magnitude 8.0, mesma magnitude da primeira observação reportada.

Curva de luz de U Sco. O outburst pode ser notado no canto superior direiro. Cortesia: AAVSO.

Mais observações serão necessárias para cobrir a evolução do brilho da estrela. Mas espera-se que comece a diminuir rapidamente, levando em conta o que foi visto nos eventos anteriores.

Curva de luz mostrando todos os outbursts de U Sco. Cortesia: AAVSO.

U Sco é uma Nova Recorrente com período aproximado de 10 anos entre uma explosão e outra. Mas pela curva de luz acima, podemos dizer que diversos outbursts passados não foram observados, ou ainda não tivemos acesso a essas observações.

Ernesto Guido fez um vídeo muito bonito com imagem anterior ao outburst e após o mesmo. Acesse-o:

https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=pfbid0FBkKXV142W2bhWE49LZ1faJ2BCbJs9UAoqm3PBQ3RpobTCKnpi5CvNHATuKkky5Xl&id=100000708382757&sfnsn=wa

Caso tenha intenção de colaborar, acesse nossa publicação anterior e saiba como se proceder e  onde encontrar uma carta de busca com estrelas de comparação.

Postagem anterior:

https://uba-estrelasvariaveis.blogspot.com/2022/06/observacoes-de-u-scorpii-necessarias.html

segunda-feira, 6 de junho de 2022

Observações de U Sco necessárias para confirmação de outburst

M.Moriyama (Nagasaki, Japão) realizou ontem, 06/06/2022 um aumento de brilho na Nova Recorrente U Sco. Em sua primeira observação em 2022 Jun. 06.56582 UT a estrela estava mais apagada que magnitude 17.4. Na segunda, praticamente no mesmo horário já revelou uma magnitde de 11.4. Presume-se que ele registrou a estrela logo que ela aumentou de brilho.

Esse evento ainda não foi confirmado por outros observadores, então, para que isso aconteça, é recomendado que observações visuais e fotométricas sejam feitas nas primeiras horas da noite de hoje. Ou o quanto antes.

Reporte sua observação à AAVSO logo que for feita.

A carta de bsuca contendo estrelas de comparação para a estimativa pode ser retirada no link abaixo:

https://app.aavso.org/vsp/chart/?star=U+SCO&orientation=visual&type=chart&fov=120.0&maglimit=12.5&resolution=150&north=up&east=left

Link para envio das observações:

https://www.aavso.org/webobs/individual

Incentivamos a todos os observadores de estrelas variáveis a realizar observações e reportar as mesmas, mesmo que sejam negativas.