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sábado, 21 de agosto de 2021

Acompanhe Mira diminuindo seu brilho

     Uma das estrelas variáveis mais famosas recentemente atingiu seu brilho máximo e já está diminuindo, seguindo seu caminho até o mínimo, previsto para início do ano que vem. Após isso, voltará a aumentar novamente.

    Mira, ou Ômicron Ceti, é uma gigante vermelha situada na constelação da Baleia, a uma distância de aproximadamente 400 anos luz da Terra que nomeia um tipo de variáveis pulsantes, as “Miras”.

    Essa estrela é um alvo conhecido dos observadores do céu há muito tempo. Foi descoberta em 1596 por David Fabricius, porém, registros indicam que havia sido observada anteriormente. Seu período foi calculado em 11 meses por Johannes Holwarda. Desde então, recebeu seu apelido carinhoso de “Maravilha”.

    Seu comportamento não é tão raro entre suas companheiras, visto que algumas outras Miras, pouco mais de 20, atingem magnitude observável a olho nu, sem a necessidade de binóculos ou telescópios. Sendo Mira a que atinge o maior brilho, próximo de magnitude 2.0.

    Como dito, Mira acabou de atingir seu brilho máximo, então, essa é a hora de você acompanhar a estrela enquanto ela vai desaparecendo no céu.

    Mira está nascendo por volta de 22:00, mas espere um pouco mais até que ela atinja uma maior elevação para vê-la melhor.

    Achá-la a olho nu é fácil, caso você não tenha problemas em acordar de madrugada (essa época) e ter como referência duas constelações fáceis de localizar, Órion e Touro.

                                                                                   

Gráfico mostrando a posição de Mira, tendo como referência Rigel (const. Órion) e Aldebaran (const. Touro).

    Munido de algum aplicativo de celular, como o Sky Safari, você irá selecionar duas estrelas, uma mais brilhante e mais apagada que Mira e através dessas duas estrelas irá estimar em que magnitude a estrela está. Uma dica é que a estrela se encontra entre a magnitude 2.5 e 3.0 atualmente. À medida que você a for observando, outras estrelas irão ser necessárias, visto que a estrela irá ficar mais fraca, até não ser possível acompanhá-la mais a olho nu e estrelas menos brilhantes terão de ser selecionadas.

Curva de luz de Mira, mostrando os três últimos máximos, 2019, 2020 e 2021
 
    Incentivamos a todos, principalmente os iniciantes, a observarem essa maravilhosa estrela que o Universo nos deu a oportunidade de conhecer.

    Nos envie sua observação: https://forms.gle/ojUQWGnD8xr6Ycpo9

segunda-feira, 9 de agosto de 2021

RS OPH - Nova Recorrente em Explosão

    A Nova Recorrente RS Oph entrou em atividade explosiva no último dia 08/08/2021.

  O observador Alexandre Amorim informou à Comissão de Estrelas Variáveis através de um comentário no Facebook que havia observado a estrela com magnitude 5.0 às 18:55 (horário local). O que foi confirmado por outros observadores.

    Logo após o relato de Amorim, Cledison Marcos da Silva observou a estrela a olho nu entre as estrelas MU Oph e Zeta Ser. Com o auxílio de um binóculos, estimou a magnitude em 4.9. Outros observadores reportaram magnitudes ainda mais brilhantes, 4,6 e 4,5.

    Veja abaixo a localização da estrela e sua curva de luz:

Gráfico da localização da estrela

Curva de Luz mostrando o aumento de brilho. Cortesia AAVSO.

    Essa é a 9ª vez que RS Oph apresenta esse comportamento. Mais informações no próximo Boletim Ouranos.

    Encorajamos todos a observarem esse evento histórico.

    Carta celeste contendo estrelas de comparação a serem utilizadas nas observações. Cortesia AAVSO.




domingo, 8 de agosto de 2021

Explicação para a perda de brilho de Betelgeuse

Redução de brilho de Betelgeuse
Fonte: ESO, 2021b.

     Betelgeuse ou Alfa Orionis é uma estrela supergigante vermelha sendo classificada como uma variável semirregular supergigante vermelha, sendo a 10ª estrela mais brilhante no céu e a segunda mais brilhante na constelação de Órion, estando a aproximadamente 643 anos-luz da Terra (AAVSO, 2021; DAVID DARLING, 2021). Porém o que chamou a atenção em Betelgeuse no ano de 2019 foi a sua grande diminuição de brilho a qual só veio a ser devidamente explicada este ano.

     Para lúcida ação do fenômeno uma equipe do European Southern Observatory (ESO) procedeu à observação contínua da estrela com o uso de dois instrumentos presentes no Very Large Telescope (VLT) no Chile, sendo eles o Sphere e o Gravity. Enquanto o Sphere/VLT trata-se de um sistema ótico que foi utilizado na obtenção de imagens da superfície de alfa Ori, o Gravity combina 4 telescópicos de forma a permitir o imageamento interferométrico, possibilitando monitorar a estrela. Por meio desses instrumentos pode-se então realizar um estudo mais aprofundado acerca do que estava acontecendo com a estrela alfa da constelação de Órion (ESO, 2021a, 2021b, 2021c).

     A partir do trabalho liderado por Miguel Montargès, pode-se concluir que a grande diminuição de brilho que ocorreu foi provocada pela formação de uma nuvem de poeira estelar. Segundo os pesquisadores a superfície de Betelgeuse varia com base na dinâmica de bolhas de gás que se movem, encolhem e aumentam de tamanho no interior da estrela. Assim, antes da grande redução do brilho uma enorme bolha expeliu matéria para longe. Este processo provocou um resfriamento da superfície pouco tempo depois, tendo essa diminuição de temperatura sido suficiente para permitir a condensação desse gás em poeira sólida (ESO, 2021b).


Animação artística da poeira

     O resultado da formação dessa poeira foi a consequente redução de brilho observada no final do ano de 2019. Sendo importante destacar que esta poeira expelida por estrelas evoluídas e frias, como é o caso de alfa Ori, são blocos importantes no surgimento de planetas terrestres e de vida (ESO, 2021b).

Referências

AAVSO. alf Ori. Disponível em: < https://www.aavso.org/vsx/index.php?view=detail.top&oid=24710>. Acessado em: 06 ago. 2021.

DAVID DARLING. Betelgeuse (Alpha Orionis). Disponível em: < https://www.daviddarling.info/encyclopedia/B/Betelgeuse.html>. Acessado em: 06 ago. 2021.

ESO. GRAVITY. Disponível em: < https://www.eso.org/sci/facilities/paranal/instruments/gravity.html>. Acessado em: 06 ago. 2021a.

ESO. Resolvido o mistério da diminuição de brilho de Betelgeuse. Disponível em: <https://www.eso.org/public/brazil/news/eso2109/>. Acessado em: 06 ago. 2021b.

ESO. SPHERE - Spectro-Polarimetric High-contrast Exoplanet REsearch. Disponível em: < https://www.eso.org/sci/facilities/paranal/instruments/sphere.html>. Acessado em: 06 ago. 2021c.