Nova Sagittarii 2020 n° 3
Cerca de 24 horas após o anúncio da brilhante Nova na constelação de Reticulum, no hemisfério austral, fomos surpreendidos com o anuncio de uma outra Nova, dessa vez na constelação de Sagittarius, fato raro de acontecer em intervalo de tempo tão curto!
Designada inicialmente com o nome de PNV J17580848-3005376, a Nova Sagittarii 2020 n° 3 foi descoberta em 16.51 de julho de 2020 por Shigehisa Fujikawa, de Kagawa (Japão), com magnitude 9.9, usando equipamento fotográfico especialmente configurado para essa finalidade. Busca de Novas e Cometas.
Shigehisa Fujikawa ao lado de seu equipamento.
Após o comunicado pela AAVSO, observadores brasileiros se mobilizaram para tentar observar essa Nova na noite imediatamente consecutiva ao anúncio da descoberta. É preciso salientar que em muitas regiões do país o céu encontrava-se encoberto, impedindo sua observação imediata.
Observações visuais e em outras bandas de detecção, incluindo imagens, são importantes nessa fase ainda de progressão de brilho das Novas, a fim de que seu comportamento seja melhor compreendido.
Luiz Araújo, desde a cidade de Pelotas, no Rio Grande do Sul, foi o primeiro brasileiro a registrar e reportar uma imagem . Ele utilizou uma câmera Canon 6Ti, com acompanhamento motorizado, munida de uma lente de 250mm de distância focal, para obter em uma exposição de 30s a imagem da Nova. (fig abaixo). A imagem foi em 16.97 de julho de 2020 e sua magnitude visual foi estimada em 10.4 V.
Imagem obtida por Luiz Araújo, do Rio Grande do Sul
Nessa mesma noite, o observador Antonio Padilla, do Rio de Janeiro, conseguiu observá-la visualmente com um Maksutov 127mm, tendo sido avaliada sua magnitude em 10.6. Essa observação foi feita a partir da janela do apartamento onde reside, no 14ª. andar de um prédio residencial na zona sul do Rio de Janeiro.A observação de estrelas variáveis, inclusive as Novas, é perfeitamente possível de ser realizada a partir de centros urbanos, o que não deve constituir empecilho àqueles que almejam começar a observar!
No momento dos registros não havia ainda cartas de busca com as devidas estrelas de comparação. Recorreu-se então ao Stellarium para que fossem selecionadas estrelas próximas ao campo visual, que servissem de comparação de brilho. Essa seleção de estrelas deve levar em conta o tipo espectral de cada uma, que não tenham índice de cor muito distantes da Nova.
A constelação de Sagittarius está bem posicionada no céu logo no início da noite, estando essa Nova muito próxima a uma estrela de magnitude 7.6, posicionada cerca de 2° a oeste de Alnasl.
Ao contrário da Nova Reticuli, que pode ter chegado à magnitude visual de 3.7 antes de ser percebida, essa Nova não é muito brilhante, sendo necessário um instrumento de porte médio para seu acompanhamento nas noites que se seguirão.
Progressão de brilho e novas observações
Nos dias que se seguiram ao descobrimento dessa Nova, outras observações foram reportadas à AAVSO. Na madrugada de 19 de julho, quatro dias após sua descoberta, a Nova já estava com magnitude visual de 11.6.
Na curva de luz abaixo, algumas medidas feitas na banda V de imageamento digital ( em verde) apontam para uma concordância de dados com as estimativas visuais.
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