O astrônomo amador russo Filipp Romanov registrou através do iTelescope.Net, situado no Observatório Siding Spring na Austrália, um evento raríssimo: três supernovas simultâneas na mesma galáxia.
A galáxia hospedeira das três supernovas é a NGC 5605, na constelação da Libra. As supernovas foram descobertas pelo ATLAS no mês de janeiro nos dias 05/01, 07/01 e 14/01 respectivamente.
Na postagem feita no grupo "Observational Astronomy" do Facebook, o astrônomo escreveu:
"Obtive as fotos desta galáxia (na constelação de Libra) remotamente usando o refletor T32 de 0,43-m f/6.8 (do iTelescope.Net) no Siding Spring Observatory, Austrália. Estou anexando uma imagem empilhada (12x180 seg. com filtro de luminância) com o meio do dia 2022-02-17 16:24 UTC. É verdade que agora todos eles são mais fracos do que 18 magnitudes de brilho, mas isso ainda pode ser visto em fotografias com exposições longas."
Os dados referentes às supernovas estão no "Transient Name Server", divisão da União Astronômica Internacional responsável por hospedar dados referentes a Transientes Astronômicos de qualquer natureza.
Das três supernovas, duas são do tipo II e uma do tipo I.
Supernova tipo I: ocorre quando uma anã branca de baixa rotação agrega massa liberada por sua companheira e ultrapassa o "Limite de Chandrasekhar" de cerca de 1,44 massas solares. Além desse limite, a anã branca colapsa. Visto que essa é a massa máxima que pode ser suportada pela pressão de degenerescência dos elétrons. Se ela acresce gradualmente massa de sua companheira, seu núcleo atinge a temperatura de fusão do carbono e a estrela não é capaz de expandir e se esfriar como estrelas iguais o Sol fazem. Tal processo a desestabiliza, cria uma reação em cadeia que acaba por ocasionar a explosão dessa anã branca em supernova.
Supernova tipo II: ocorrem quando uma estrela massiva sofre colapso gravitacional e explode violentamente. São diferentes das tipo I devido à presença de hidrogênio em seu espectro, para que esse colapso ocorra, a estrela deve ter pelo menos 8 massas solares. Estrelas geram energia através da núcleossintese, que é a criação de elementos químicos a partir de elementos já existentes na estrela. A fusão nuclear ocorre naturalmente até que o núcleo de Ferro é formado no núcleo da estrela, porém, a fusão nuclear do Ferro não fornece energia para a estrela se sustentar, o núcleo se transforma em uma matéria inerte e é suportado apenas por pressão degenerada de elétrons. Essa pressão é criada quando já não há mais espaço para comprimir os elétrons, pressão maior requeria que elétrons ocupassem o mesmo estado de energia, o que não é suportado por essa partícula devido ao "Princípio da Exclusão de Pauli".
Quando a massa do núcleo ultrapassa 1,44 massas solares ocorre uma implosão, esse núcleo se aquece rapidamente, o que causa uma rápida reação nuclear. Os nêutrons se degeneram e a implosão é invertida para uma explosão. A energia liberada é suficiente para expulsar praticamente toda a matéria criada pela estrela através de uma onda de choque em expansão. O resultado desse processo pode ser visto a enormes distâncias, sendo mais brilhantes que toda a galáxia onde a estrela se encontra.
Abaixo, a imagem mostrando a galáxia sem as supernovas (cima) e com as supernovas (baixo):
Crédito da imagem: Filipp Romanov. Disponibilizada no Facebook. |
Excelente matéria.
ResponderExcluirMuito obrigado.
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