Uma estrela é chamada de "jovem" quando se encontra em um estágio evolutivo chamado de Pré Sequência Principal, nesse estágio ainda não acontece a fusão de Hidrogênio em Hélio, mas isso não é indício de ausência de atividade. Muito pelo contrário, estrelas jovens são surpreendentes e mudanças de brilho podem ocorrer, sejam periódicas ou não.
No atual artigo iremos falar sobre um recente estudo publicado em 18/10 no arxiv.com sobre a famosa YSO V1180 Cas.
Estudar estrelas variáveis é fundamental para se entender alguns fenômenos ocorrentes nas estrelas, algumas informações podem ser coletadas somente através de sua variabilidade. A mudança de brilho de uma estrela é fundamental para entendermos sobre suas estruturas e estágios de evolução. Isso pode também oferecer pistas do que está próximo da estrela, planetas, planetas em formação, discos de acreção, estrelas companheiras etc.
Com as estrelas jovens não é diferente, e durante 11 anos astrônomos búlgaros coletaram dados fotométricos nas bandas V, R e I de V1180 Cas.
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Imagem do campo de visão observado mostrando a estrela alvo e estrelas de comparação. |
As
observações descobriram que o V1180 Cas apresenta variabilidade fotométrica
muito forte com grandes variações de amplitude de até 5 magnitudes. Em geral, o
brilho na banda I da estrela é mantido na faixa de magnitudes 15 a 16 na maior
parte do tempo observado. No entanto, existem algumas mudanças no brilho com
pequenas amplitudes, o que é característico das estrelas T Tauri.
As curvas de luz de cada banda são mostradas abaixo:
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As curvas de luz acima são referentes às bandas V, R e I, respectivamente. Fonte: A. S. Mutafor et al.
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No artigo os autores também apresentaram diagramas de cor-magnitudes durante o mesmo período de observações.
Os autores concluiram que os últimos dados fotométricos multicoloridos coletados
confirmam que fora dos mínimos profundos V1180 Cas apresenta variações
significativas de brilho com duração de dias e meses. Os mesmos dados, mais uma
vez, confirmam que a variabilidade da estrela é dominada pela extinção variável.
As curvas de luz VRI do V1180 Cas são semelhantes a outros
objetos - GM Cep (Semkov e Peneva 2012; Semkov et al. 2015; Mutafov et al.
2022), V1184 Tau (Mutafov et al. 2019), 2MASS J22534654+6234582 (Ibryamov et
al. 2020b) e FHO 27 (Findeisen et al. 2013; Ibryamov et al. 2020a). O “efeito
azul” é observado durante os mínimos de brilho típicos das variáveis UXor.
Diagramas de magnitude de cor de V1180 Cas, como os de GM Cep e V1184 Tau,
mostram claramente o efeito de “azul” tanto nas cores V-R quanto R-I (Mutafov
et al. 2019; Mutafov et al. 2022). Em nosso artigo anterior (Mutafov et al.
2019), concluímos que as propriedades fotométricas do V1180 Cas podem ser
explicadas por uma superposição de acreção altamente variável do disco
circunstelar na superfície estelar e ocultação por aglomerados de poeira,
planetesimais ou de outras características do disco circunstelar. Os novos
dados observacionais confirmam esta conclusão, mas, adicionalmente, observamos
também uma mudança significativa no comportamento da variabilidade da estrela -
no aumento do seu brilho, provavelmente causado pelo aumento da acreção. Foi
feita uma tentativa de encontrar uma periodicidade das curvas de luz, mas sem
resultado satisfatório. A explicação detalhada deste efeito requer observações
adicionais.
Referência:
Asen Mutafov, Evgeni Semkov, Stoyanka Peneva, Sunay
Ibryamov, Long-term Photometric Study of the Pre-main Sequence Star V1180 Cas.
arXiv:2210.09660v1 [astro-ph.SR], https://arxiv.org/abs/2210.09660.