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quinta-feira, 21 de abril de 2022

Micronovas - A descoberta de um novo tipo de explosão estelar

    Utilizando o Very Large Telescope (VLT - ESO) e dados do TESS, uma equipe de pesquisadores liderada por Simone Scaringi (Universidade de Durnham) revelou a descoberta de um novo tipo de explosão cataclísmica em certos sistemas estelares. A equipe nomeou o evento como "Micronova" por ter intensidade menor que as já conhecidas "Novas".

    "Novas" são sistemas binários onde uma anã-branca captura material ejetado da outra estrela, principalmente Hidrogênio, e o acumula em sua superfície. Devido às altas temperaturas na superfície da anã-branca, esse Hidrogênio é fundido em Hélio e uma reação em cadeia acontece liberando enormes níveis de energia. Essa energia liberada faz com que o brilho da estrela aumente centenas, ou milhares de vezes. Nas "Novas" essas explosões acontecem em toda a superfície e podem durar semanas. Em algumas situações as explosões podem durar meses. É de conhecimento de explosões repetitivas, algumass periódicas, que são denominadas de "Novas Recorrentes". 

    No caso das "Micronovas" as explosões são menos intensas e têm durações menores em escala de tempo. Além de não ocorrerem em toda a superfície estelar, ocorrem somente nos polos dos astros. Para o evento ocorrer, as anãs-brancas devem possuir campos magnéticos muito fortes que direcionam o material "roubado" da outra estrela para essa região específica. Estranho? Não. A Terra faz o mesmo com as partículas solares que atingem o planeta e o resultado não são explosões, mas sim, as belas Auroras Boreais e Asutrais. 

    No artigo publicado na revista "Nature" no dia 20/04/2022, a equipe apresenta curvas de luz de 03 sistemas binários onde foram observadas essas explosões. São os sistemas TV Col, EI UMa e ASSASN-19BH.

    Em TV COL foram observadas três rajadas consecutivas com duração de 12 horas, o aumento de brilho se deu em 30 minutos e os intervalos entre as explosões foi de 03 dias. 

Curva de luz completa de TV Col (a) e das explosões separadamente (b, c e d)

    Em EI UMa foram duas explosões de 07 horas separadas por 01 dia. A evolução do brilho e propriedades temporais são semelhantes às de TV COL. Picos e vales também foram observados. 

Curva de luz completa de EI UMa (a) e explsosões separadamente (b e c)

    Em ASSASN-19 bh foi observada uma única explosão, o aumento de brilho se deu em 1,5h com duração de vários dias.

Curva de luz completa de ASSANS-19bh

    O estudo ajudou a complementar nosso conhecimento referente a eventos cataclísmicos em sistemas estelares, o que nos faz compreender que ainda não temos informações sobre todos os eventos conhecidos. O acréscimo das "Micronovas" ao campo de estudo de estrelas variáveis será de muita utilidadade para futuras pesquisas na área de estrutura e evolução estelar, principalmente referente às anãs-brancas que costumam serem vistas como estrelas mortas e inativas.

    O artigo pode ser baixado aqui: 

https://www.eso.org/public/archives/releases/sciencepapers/eso2207/eso2207a.pdf

    Referências: 
Scaringi, S., Groot, P.J., Knigge, C. et al. Localized thermonuclear bursts from accreting magnetic white dwarfs. Nature 604, 447–450 (2022). https://doi.org/10.1038/s41586-022-04495-6

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