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terça-feira, 5 de abril de 2022

Campanha de observação de Variáveis Pulsantes

 Cledison Marcos da Silva 
Observatório Serra das Luminárias 
https://uba-estrelasvariaveis.blogspot.com/ 
COMISSÃO DE ESTRELAS VARIÁVEIS
    
    A Comissão de Estrelas Variáveis da União Brasileira de Astronomia vem através desse artigo  incentivar a observação de duas estrelas variáveis que servirão de dados para posterior publicação de artigo referente aos resultados. Serão mantidas as estrelas da última campanha e acrescentamos outra. A duração da campanha será de março a maio e sugerimos que as estrelas sejam observadas a cada 05 dias.

    As estrelas foram escolhidas levando em conta suas posições no céu e amplitude de variação. A primeira estrela será l CAR (lê-se “ÉLE CAR”  e é escrito com “l” minúsculo), cuja variabilidade se  encontra facilmente observável a olho nu. A segunda estrela será T MON, visível em seu máximo  brilho a olho nu a partir de locais com menor interferência de poluição luminosa e através de  binóculos em seu mínimo brilho.

    Ambas as estrelas são tipo Cefeidas, pertencente à classe de Pulsantes do grupo de variáveis  Intrínsecas, ou seja, a variação de brilho é causada pela própria estrela.

     Por definição, Cefeidas são objetos comparativamente jovens que deixaram a sequência principal e  evoluíram para a faixa de instabilidade do diagrama de Hertzsprung-Russel (HR), obedecem à conhecida relação período-luminosidade Cefeida.

    Estrelas DCEP estão presentes em aglomerados abertos e exibem certa relação entre as formas de suas curvas de luz e seus períodos. A estrela que nomeia o tipo é Delta Cephei, na constelação do Cephei, descoberta no ano de 1784 por John Goodricke.

    Figura 1 - curva de luz de Delta Cephei - Cortesia AAVSO.

    A terceira estrela é uma das Miras mais famosas do céu do Sul, S CAR. 

    Miras, ou Variáveis de Longo Período, são estrelas massivas o suficiente para terem sofrido fusão de hélio em seus núcleos, mas têm menos de duas massas solares, estrelas que já perderam cerca de metade de  sua  massa  inicial.  No entanto,  elas  podem  ser  milhares  de  vezes mais  luminosos  que  o  Sol  devido  aos  seus  envelopes  muito  grandes  e esticados. Elas estão pulsando devido à expansão e contração de toda a estrela.  Isso  produz  uma  mudança  na  temperatura  junto  com  o  raio, ambos os fatores causam a variação na luminosidade. A pulsação depende da massa e do raio da estrela e existe uma relação bem definida entre período  e  luminosidade  (e  cor).  As  amplitudes  visuais  muito  grandes não  são  devido  a  grandes  mudanças  de  luminosidade,  mas  devido  a  um deslocamento  da  saída  de  energia  entre os  comprimentos  de  onda infravermelhos e visuais à medida que as estrelas mudam de temperatura durante suas pulsações.  

Figura 2 - Curva de luz de Omicron Ceti - Cortesia AAVSO.


ESTRELAS ALVO DA CAMPANHA 

l CAR (lê-se “ÉLE CAR” e escreve com “l” minúsculo 

    l  Carinae  faz  parte  do  asterismo  da  constelação  de  Carina,  a quilha  do  grande  navio  Argo  Navis,  situando-se  entre  as  Plêiades  do Sul e a “Falsa Cruz”.

    Uma  supergigante  amarela  da  classe  G3,  l  CAR  é  a  mais  brilhante das  variáveis  cefeidas.  Ela  supera  o  δ(Delta)  CEP,  o  protótipo  da classe,  em  0,2  magnitudes.  Se  Carina  estivesse  no  hemisfério  norte, essas variáveis poderiam muito bem ser chamadas de "Carinídeos".

     Entre as estrelas mais importantes do céu, essas variáveis exibem uma  relação  estreita  entre  seus  períodos  de  variação  e  suas luminosidades  absolutas  e,  portanto,  são  excelentes  indicadores  de distância.  

    Usando a relação período-luminosidade Cefeida, sabe-se que a distância de l Car. é de 2100 anos-luz; através de paralaxe o valor é de  1850  anos-luz,  menor,  mas  bem  dentro  dos  erros  de  medição inerentes.

    Variando  entre  3,28  e  4,10,  seu  período  é  notavelmente  longo, 35,52  dias,  em  oposição  aos  5,4  dias  para  δ  CEP,  tornando-a  mais luminosa também. l CAR é tão grande que ocuparia quase toda a área da órbita da Terra. Conforme pulsa, seu raio mudo entre 160 e 194 vezes o do Sol.  Sua classe espectral varia entre aproximadamente F8 e K0, com uma  temperatura  de  aproximadamente  5200K.  A  luminosidade  máxima  da estrela é 13.500 vezes a do Sol.

    Figura 3 - Gráfico mostrando a localização de l CAR - Criado no Stellarium. 


T MON 

    T  MON  é  uma  estrela  variável  que  aparece  na  constelação  de Monoceros,  ou  Unicórnio,  situada  a  2.696  anos-luz  de  nosso  Sistema Solar.  É  uma  supergigante  laranja-vermelha  do  tipo  espectral  F7Iab-K1Iab. A temperatura da superfície é de 5.957K, 1,0 vezes mais quente que o Sol, e 40,0 vezes o diâmetro solar. A produção total de energia desta estrela, ou luminosidade é 1813 vezes a do Sol e tem uma massa de 10,0 massas solares.

    A estrela faz parte de um sistema estelar duplo ou múltiplo, mas sua órbita é desconhecida. Seu componente secundário de magnitude 17,7 aparece a 6,5 segundos de arco, correspondente a uma distância física de pelo menos 5372 UA de seu componente primário. Sua magnitude varia de 5,6 a 6,6, em um período de 27,0 dias.

Figura 4 - Gráfico mostrando a localização de T MON. Criado no Stellarium. 


S CAR 

    Sua  magnitude  varia  de  4,5  a  10,0,  durante  um  período  de  150,3 dias,  sendo  assim,  uma  das  Miras  mais  rápidas  junto  com  R  VIR,  mas pode apresentar algumas surpresas, como duração ligeiramente maior ou menor em seu período, como também oscilações na  variação de brilho, podendo inclusive não chegar ao máximo ou mínimo em algumas ocasiões. O  último  mínimo  da  estrela  foi  de  8.4, observado por este que vos escreve no dia 09/12/2021. Nessa ocasião a estrela  ficou aproximadamente 04 vezes mais brilhante do que seria caso tivesse chegado ao mínimo de 10.

    É uma estrela variável que aparece na constelação da Carina. Está a 1782 anos-luz do nosso  sistema  solar.  É  uma  gigante  vermelho-alaranjada  do  tipo  espectral  M2-3IIIe.  Sua  temperatura  superficial média é de 3540 Kelvins - 39% mais fria que a do Sol - e tem em média, 149,9 vezes o diâmetro do  Sol. A  produção total de energia desta estrela, ou luminosidade, é 3185 vezes a do Sol e tem uma massa de 1,2 massas solares. 

    Figura 5 - Gráfico mostrando a localização de S CAR. Criado no Stellarium. 


    Nossos tutoriais de observação se encontram nos seguintes links. Mas é muito fácil, basta escolher  uma estrela mais brilhante que a variável e outra mais apagada. Cuidado para não escolher estrelas com muita diferença de brilho, no máximo 01 magnitude de diferença. Com essas duas estrelas o  observador irá estimar o brilho aproximado da variável. Abaixo, o tutorial sobre observação e reporte:

https://storage.googleapis.com/wzukusers/user-30142657/documents/d1063b1faceb4675b269d1fb8b549202/Boletim%20Ouranos%20ANO%20L-N%C3%BAmero%201-Setembro%20de%202020.pdf (página 38); 

    Tutorial de observação binocular: 

https://storage.googleapis.com/wzukusers/user-30142657/documents/e7e093dc43b641dfaee5a0ab097bf8ec/Boletim%20Ouranos%20ANO%20LI%20-%20N%C3%BAmero%201%20-%20Ano%20LI%20-%202021.pdf  (página78); 

    Observação a olho nu: 

https://storage.googleapis.com/wzukusers/user-30142657/documents/8e64cff100e74dc69c0289d006e6b7df/Boletim%20Ouranos%20ANO%20LI%20-n.02-JUN-2021.pdf (página 30). 

    Encorajamos a todos os iniciantes e observadores mais exigentes a observarem e nos enviarem suas observações nos endereços abaixo:

Formulário de reporte: https://forms.gle/QkLHwqTnwKtr2GfY8

E-mail: estrelasvariaveis.uba@gmail.com

    Se preferir enviar por e-mail, gentileza informar nome do observador, data  e  horário  da  observação,  localidade, magnitude da estrela e das duas estrelas de comparação, além do método utilizado para estimar.

    Todas as observações serão utilizadas em futuras publicações e os observadores mencionados, como  também, certificados pela participação na campanha.

Referências: 

https://www.aavso.org/ 

https://www.aavso.org/vsx/ 

http://www.sai.msu.su/gcvs/gcvs/vartype.htm 

http://www.sai.msu.su/gcvs/gcvs/gcvs5/gcvs5.txt 


 

    

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